top of page

2019

Florestas

*texto publicado no catálogo Sobre Viventes

Juliana Crispe

Para Gonçalo Manuel de Albuquerque Tavares (Luanda, agosto de 1970), mais conhecido como Gonçalo M. Tavares, escritor e professor universitário português, a floresta é o expoente do natural.


A floresta não moldada pelo homem ainda se torna resistência intensa, conexão das coisas, fluência do natural, que se expressa em continuidade e resistência temporal e espacial. Para tal experiência da floresta, da natureza e da paisagem, o homem está apenas como espectador, observador passivo. Quando este se torna agente de transformação dos meios naturais, a natureza deixa de ser produto cultural a ser contemplado para se tornar uma variante artificial.


Esses fatores são questões que perpassam a exposição Florestas, de Juliana Hoffmann.


Passamos da eminência de vida para um possível estado de morte. Esse produto cultural instaura a ideia de paisagem como vista que é válida, tanto para quem olha a realidade, como para quem faz uma imagem a partir dessa realidade, criando campos fabulares por meio da arte. A paisagem ascende à categoria de espaço; iniciam-se os papéis de observador e observado, do olhar e da devolução do olhar. Fronteiras entre a vida e a morte, o real e o artificial, o existir e o não existir.


Essa forma de pensamento que ressalta a paisagem como arte, materializada nas variantes das pinturas, impressões e instalações, privilegia o sentido da visão que reverbera nas afecções possíveis diante das imagens realizadas pela artista. Assim, o sujeito, perante essas florestas, cria um ato de adesão da sensação de paisagem que o faz perceber o risco da perda.


1 Texto curatorial da exposição Florestas, da artista Juliana Hoffmann, com curadoria de Juliana Crispe. Essa exposição foi parte da 14.a Bienal Internacional de Curitiba – Polo SC, realizada no Memorial Meyer Filho, em Florianópolis, SC, em outubro de 2019.

2 TAVARES, Gonçalo, M. Arquitectura Natureza e Amor. Porto: Edição André Tavares & João Rosmaninho, Dafne editora, 2008. p. 3.

bottom of page