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2023

Da Série Desenhistas Catarinense: Juliana Hoffmann

Jayro Schmidt

A iniciação artística de Juliana Hoffmann se deu com o desenho na sua forma mais fundamental, em preto e branco, e com uma sutilidade que, com somente a linha, sugere os meios tons e a animação da vida rural, bucólica.

Ela mesma descreveu sua poética que remonta à infância, quando teve a lição familiar ecológica nas temporadas fora do urbano, em comunhão com a terra singela, por isso preciosa e influente na formação do humano, ampliando seu desvelo que na arte pode atingir o preceito filosófico “natureza naturada e natureza naturante”, cabendo o naturante à percepção de Juliana, o que tem sido o norte de sua arte, incluindo a reviravolta que a levou à pintura, sempre pensando a natureza, agora como crítica conceitual de sua destruição pela mão do homem ganancioso, capitalista.

Ao se reportar à esta vivência bucólica, Juliana referiu o sítio da família, termo que teve repercussão na arte como substrato prático e teórico, a saber: o lugar da arte em termos de land art.

Nos desenhos de Juliana, portanto, a lírica linha percorre o espaço com mansidão, mas com o movimento da realidade viva, pulsante no bucolismo que nos remete à comunhão natural dos seres.

O traço da vida rural, enfim, os tesouros visuais de Juliana que convidam o homem nervoso do dia a dia urbano a abrir a janela de onde não se vê nenhum artifício, mas o todo natural, a farmácia disponível apesar de desfrutada por poucos. Por estes, e por outros detalhes, assim se pronunciou Néri Pedroso:

"Mais do que nos dar paz, esses magistrais desenhos impactam porque trazem à tona as ruínas contemporâneas e por tudo o que já foi perdido”.



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